O mundo está cheio de mulheres que fizeram história, muitas das quais nem sempre temos conhecimento das contribuições para a sociedade. Por isso, hoje vamos falar de uma dessas mulheres que teve participação fundamental em diversos aspectos da vida humana e, sem dúvida, esteve à frente do seu tempo: Hildegarda de Bingen.
Hildegarda foi uma monja beneditina que nasceu na Alemanha no final do século XI e foi entregue à vida religiosa ainda criança como se fosse um dízimo, já que era a décima filha de uma família de nobres da região. No entanto, pouco se sabe da sua infância ou adolescência no convento, pois sua vida ganhou notoriedade mesmo quando se tornou monja (ou abadessa, uma espécie de madre superiora) no Mosteiro de Disivodemberg.
A Santa, que foi canonizada apenas em 2012 pelo Papa Bento XVI, era também musicista, naturalista médica, poetisa e escritora alemã. Quer saber mais sobre a vida de Hildegarda? Confira!
Religiosidade
Os relatos sobre a vida de Hildegarda mostram que a monja desde criança, já tinha visões, até então incompreensíveis. Essas visões que só seriam retomadas mais tarde quando, segundo ela, Deus mostrava que era a hora certa de compartilhar com o mundo a sua mensagem.
Hildegarda sempre foi fiel às tradições católicas, mas não se calou diante das injustiças cometidas por membros do clero. Por ser mulher, sofreu muita resistência em difundir o seu conhecimento, mas, devido à sua influência, conseguiu um feito raro para a época: dialogar de igual para igual com Reis, Papa e com membros do alto clero.
Graças às suas visões, atribuídas ao poder divino, Hildegarda conquistou conhecimento suficiente para escrever livros e pregar para multidões.
Medicina
Não podemos dizer que Hildegarda exerceu a medicina pois, como se sabe, ela não possuía nenhum diploma universitário. Pelo contrário, as freiras, naquela época recebiam uma educação bem aquém dos monges do sexo masculino. Entretanto, devido à sua curiosidade, a monja desenvolveu estudos por conta própria em obras clássicas da época tanto de medicina quanto de ciências naturais.
A partir disso, Hildegarda desenvolveu uma espécie de medicina curandeira na qual mesclava o conhecimento científico, a sabedoria divina e o tratamento com plantas e ervas medicinais, o que lhe rendeu a publicação de alguns livros tanto sobre a natureza e os elementos do universo, quanto sobre o funcionamento do corpo humano, com destaque para o feminino. Ela acreditava que para conquistar o bem-estar, o corpo precisava estar em sintonia com a fé e com a natureza.
Feminismo
É lógico que na época em que a monja viveu e difundiu seus conhecimentos, ninguém se quer já tinha ouvido a palavra feminismo. Apesar disso, diversos historiadores e estudiosos do assunto a consideram precursora do movimento (mesmo sem saber) pois foi a primeira pessoa à descrever o orgasmo feminino.
Em seus escritos, Hildegarda relatou que a relação sexual deveria partir do interesse mútuo de um homem e uma mulher e que era um fenômeno que deveria envolver várias etapas, desde o desejo até a conclusão do ato. Também destacou que a mulher sente prazer na relação sexual consentida tanto quanto o homem, algo considerado totalmente inovador para época.
Além disso, depois do suicídio de uma das freiras (devido a sua gravidez na qual o pai era um dos monges), a monja também lutou pela criação de um novo mosteiro, onde as mulheres pudessem ficar longe dos homens e terem melhores condições de se dedicar a vida religiosa de sacrifício.
Cultura
No campo da cultura, a santa ficou conhecida pelos seus diversos poemas dos quais muitos acreditam ter alguma conotação sexual. A abadessa também era lembrada pela sua contribuição musical, já que compôs diversos cantos e ainda dominava alguns instrumentos.
Hildegarda de Bingen e cerveja
O fato mais curioso sobre Hildegarda de Bingen é a sua ligação com o consumo de cerveja. Ela não confiava na pureza da água e recomendava que as pessoas utilizassem a bebida para se hidratar pois, além de saborosa, garantia um frescor da pele, dava sabor à carne e acrescentava vida às pessoas. Outra curiosidade era o seu método para curar ressaca: dar banho em uma cadela e, em seguida, utilizar a mesma água para se lavar.
Outra grande contribuição para a área cervejeira foi a introdução do lúpulo na composição da bebida para ajudar na sua conservação, já que naquela época, não existia nenhum mecanismo de refrigeração. Mesmo com a grande relevância da descoberta, o ingrediente se tornou obrigatório a partir do século XVI, na Alemanha. Hoje o lúpulo se tornou preferência de muitos amantes da cerveja que optam pelo ingrediente devido ao amargor e aroma característico.
Hildegarda morreu aos 82, em uma época em que a expectativa de vida não passava de 40. Apesar de todo seu conhecimento e ensinamentos ser um misto de religiosidade e ciência, não há como negar que sua história é bastante inspiradora não é mesmo?
E aí, o que achou deste texto? Fique ligada no Blog e conheça outras mulheres inspiradoras e que amam cerveja tanto quanto nós!
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