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Dia da Consciência Negra: como falar sobre o tema sem cometer gafes

Ontem, durante meu treino de Karatê, ouvi uma frase que, infelizmente, ainda ecoa com frequência no Brasil:“Se existe o Dia da Consciência Negra, então deveria existir o Dia da Consciência Branca.”


Na hora, meu corpo reagiu antes da minha boca — fiquei nervosa, minhas mãos tremeram. Eu tentei explicar, tentei trazer fatos, mas percebi uma coisa: quando alguém fala a partir do privilégio, a conversa fica difícil, porque o desconforto está todo do outro lado.


E é justamente por isso que o Dia da Consciência Negra importa.

Porque ele revela quem já entendeu o mínimo — e quem ainda está muito distante.


Se você já ouviu frases parecidas ou não sabe como abordar o tema, este guia foi feito para você conversar sem cometer gafes e, principalmente, sem reforçar racismo.


1. O que é o Dia da Consciência Negra?


O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, marca a morte de Zumbi dos Palmares e homenageia a luta do povo negro por liberdade, dignidade e igualdade.


Ele existe porque o Brasil foi um dos últimos países a abolir a escravidão e porque seus efeitos ainda são sentidos de forma profunda.

Por isso, a palavra-chave aqui é consciência — não competição.


2. Por que não existe “Dia da Consciência Branca”?


Essa pergunta nasce quase sempre do privilégio branco — termo que descreve vantagens sociais que pessoas brancas têm sem perceber.


Se você nunca:


  • teve medo da polícia,

  • foi seguido em uma loja,

  • foi chamado de “exótico”,

  • teve seu cabelo tocado sem permissão,

  • ouviu que “não tinha perfil” para um cargo…


…então você já entendeu a resposta.


Dia da Consciência Negra não exclui ninguém. Ele reconhece desigualdades históricas e estimula uma reflexão coletiva.


3. “Mas brancos também foram escravizados.”


Essa afirmação aparece como argumento para desvalidar o racismo atual.

Sim, existiram várias formas de escravização ao longo da história — mas nenhuma delas estruturou o Brasil como a escravidão negra estruturou.


Não é sobre quem “teve pior destino”, é sobre quem ainda carrega as consequências disso hoje.


4. Como falar sobre racismo sem cometer gafes?


Aqui vão atitudes simples e essenciais:


Ouça mais do que fala

Pessoas negras são especialistas nas próprias vivências.


Evite comparações e relativizações

“Meu amigo negro nunca sofreu isso.”

Isso não invalida experiências coletivas.


Estude e se informe

Leia autores negros, siga criadores de conteúdo, apoie iniciativas.


Assuma sua posição

Reconhecer privilégios não é culpa — é responsabilidade.


5. O que fazer no Dia da Consciência Negra?


  • Apoie negócios de pessoas negras;

  • Compartilhe conteúdos educativos;

  • Reflita sobre seu papel na sociedade;

  • Não repita frases prontas e racistas;

  • Converse, questione, evolua.


O objetivo não é “militar”, é humanizar.


Se você não quer parecer o famoso tiozão do Karatê — aquele que solta frases prontas e acha que opinião é argumento — o caminho é simples:


informação + empatia + escuta.


Falar sobre racismo não é confortável, mas é necessário.


E se é desconfortável para você, imagine para quem vive isso todos os dias.


Isabella Pinheiro

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