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Isabela Gatti

Uthopia: um bom lugar


Quem mora em Juiz de Fora (carinhosamente chamada de JF) e arredores, muito provavelmente já ouviu falar de Ibitipoca. A galera comenta do clima good vibes do lugar, das belezas naturais do Parque Estadual do Ibitipoca, da tranquilidade que é estar lá. Serra e chalé. Rede na varanda, ar puro e uns mato bonito fazem muito bem mesmo pra nossa mente, corpo e alma.

Entrar no Uthopia é imediatamente se sentir em um pedacinho de Ibitipoca dentro de JF. O bar fica na avenida principal do bairro São Pedro e consegue trazer esse clima de serra de modo que se você virar as costas para a rua é possível que se esqueça de que está em uma cidade de aproximadamente 600 mil habitantes. Não tenho conhecimento de nenhum outro lugar que consiga traduzir Ibitipoca no centro urbano de Juiz de Fora. Tentativas forçadas não contam. Uthopia é good vibes raiz. Vamos aos detalhes!

Tudo o que você precisa saber sobre o bar

Eu já conhecia o Uthopia e é muito legal ver o bar crescer e acrescentar elementos pouco a pouco. É uma transformação constante que vai trazendo complexidade ao lugar. Atualmente eles têm, dentro do bar, uma loja de joias (@zambijoias) com peças de prata e pedra e uma tabacaria que vende desde incenso e cigarros de palha a sedas e bongs de vários tamanhos. É bem coeso.

Os copos de plástico que servem os chopes e drinks são reutilizados para plantar algumas mudas que a gente ~pasmem~ pode levar para casa de graça. Essa preocupação ambiental também fica evidente quando se lê em uma placa pintada à mão logo acima das lixeiras separadas para metal, vidro e plástico: “recicle o lixo por amor”.

E música. Muita música de todos os tipos. E quando digo todos os tipos é todos os tipos: reggae, rock, rap, samba, instrumental, forró, e por aí vai. Você pode ainda se deparar com batalha de rappers, encontro de compositores ou declamações que são preciosidades. A programação está sempre atualizada na página deles. E funciona aos domingos à noite, viu?

No bar são servidas as bebidas básicas: refrigerante, água, suco, energético e alguns drinks, como mojito e caipirinha. No campo da cerveja temos as long necks e chopes artesanais. O chope servido é o da Cervejaria São Bartolomeu. É uma solução muito interessante, inclusive, essa parceria com a cervejaria, porque o fato de não poder (ou não querer) fazer o próprio chope não deve impedir que a casa sirva algo artesanal de qualidade. Normalmente há duas opções de chope no Uthopia, mais comumente a Red e a Stout (300 e 500mL). Gosto de ambas, mas tenho uma quedinha mais forte pela Red do São Bartô.

Plantas e mais plantas, filtros dos sonhos, incensos acesos, vinis no teto e muitas pinturas interessantes e lindas nas paredes, todas feitas por artistas locais. Alguns quadros e outras peças estão expostos para vender, o que é sempre algo muito legal de se ter em um bar. Logo na entrada tem uma charmosa estante de madeira, que é onde fica o bazar de livros com opções variadas: poemas, romances, filosofia... Divirta-se!

Sobre o que comi e bebi

Dessa vez, foi logo ao lado dessa estante que me sentei. Você pode sentar nesse corredor da entrada no primeiro andar ou subir para o segundo e curtir o som na parte fechada ou na área externa, nas acolhedoras cadeiras de praia. Nesse caso, paga-se o couvert artístico ($10 a $15). O isolamento acústico do andar de cima é excelente, então na parte de baixo não se escuta o som lá de cima, o que é um estado muito calmo de se estar. (Exceto pela garota da tabacaria que, dessa vez, resolveu que ia cantar bastante).

Sempre senti falta de opções assadas no cardápio, que contém bastante opção frita: quibe vegano com ketchup de maçã, jiló empanado, vagem empanada, frango a passarinho e a clássica fritas com queijo, esses três últimos acompanham o molho da casa. Com a onda fitness bombando (aparentemente no planeta inteiro), os assados são uma boa investida. Não sei se essa foi a razão do acréscimo das minipizzas e dos pães de queijo logo ali na entrada da casa, mas quis logo experimentar. Ah, e agora também tem cafezinho pra dar aquele up nos ânimos!

Pedi uma minipizza marguerita ($6), um pão de queijo ($3) e um chope Red de 300mL ($7) para começar. O atendimento foi muito descontraído e eficiente. Todos são gentis e dispostos a trocar uma ideia. Como já comentei antes, o chope vem servido em copo plástico. Não gosto muito da ideia, mas se a gente reutilizar durante a noite, já é alguma coisa, né? Sabemos que o ideal para servir chope é vidro, mas a temperatura estava adequada e não esquentou tão rápido assim.

O pão de queijo dura, no máximo, três mordidas. O visual já denunciava: estou embatumado. Pedi mesmo assim. O queijo utilizado é um parmesão muito bom! Pouca gordura e o sal em uma medida que me agrada muito. Meio termo, sabe? Nada a ajustar em termos de sabor, mas precisa acrescentar a nossa queridinha: a fofura. Tem um pedaço de parmesão em cima, que no forno fica aquele tostado maravilhoso que veneramos e que salvei para a última mordida, óbvio.

Olhei bem a pizza marguerita nos olhos e quase ouvi: oi, estou bem crocante, mas não seja chata e me experimente. Em um primeiro momento confesso que pensei: ei, cadê o molho de tomate? Mas à medida que fui comendo apreciei muito o fato que meus dedos, punhos e cotovelos permaneciam limpos. É um lanche rápido para comer com as mãos e estava bem quentinha.

Em seguida, mais uma Red de 300mL e um burguer de berinjela com batatas rústicas ($23). Saiu bem rápido e minha mão já foi direto naquelas tiras de ¼ de batata bem corada. Esperei a segunda mordida para mergulhar no ketchup de maçã: hmmm! Assim como as outras frituras do cardápio, não são encharcadas e têm um tempero muito saboroso. Contudo, na terceira mordida já se percebe que o tamanho ¼ é muito grande e, por isso, falta sal. O ideal nesse caso seria 1/6. Quanto ao ketchup: dei uma olhada por cima dos ombros para ver se tinha um potinho que eu pudesse comprar e levar para consumir em casa.

Dei uma analisada no burguer: pão, alface, tofu defumado, bife de berinjela e algo rosa que penso ser algum tipo de “presunto” vegano. O pão é comum: farinha branca e não tostado. Fiquei desapontada sim com o fato de ele não ser tostado, julgue-me se for capaz.

Primeira mordida: hmm ok, o bife tem uma boa consistência e é saboroso. Tem pedacinhos distinguíveis de berinjela, muito bom. Segunda mordida: esse tofu defumado quase não tem gosto, mas acrescenta esse aroma que é minimamente interessante. Terceira mordida: esse presunto vegano é dispensável e falta algo aqui. Foi a primeira vez que comi esse produto e não estou disposta a comer de novo. Sou adepta de uma dieta vegetariana, mas permito uma carne ocasional quando faz sentido para mim. Gosto de vegetais, então os consumo de variadas formas e é isso. Chamo de “asvezestariana” (trend alert). Quarta mordida: ah sim, entendi, o que falta é que esse burguer seja uma coisa só. Falta que os sabores se agreguem.

Hora da opinião

Com um pouco de criatividade esse burguer poderia ser completamente transformado em algo maravilhoso sem necessariamente aumentar o custo ou dificultar a produção. Existem inúmeras opções de combinações de vegetais que ficam maravilhosas em sanduíches vegetarianos e veganos e o chef deveria explorar isso sem medo de ser feliz. Esse mundo é amplo demais e o burguer vegano não precisa ser composto de ingredientes que apenas substituem os tradicionais. Queremos que sejam coesos entre si e possam ser uma explosão linda na nossa boca. Mas como (quase) todo prato: a subjetividade está posta e com certeza agradará a uns mais do que outros. Essa é a resposta do prato ao meu paladar, apenas.

E para quem se importa muito com isso: não há serviço de garçom. Quer dizer, mais ou menos. É você quem vai à boqueta da cozinha fazer seu pedido, mas são eles que trazem seu pedido até onde você está. Seria um novo tipo de serviço, o compartilhado? Bom... em todos casos, não há 10% para pagar. Tudo é pago no momento do pedido.

Já estive no Uthopia algumas vezes, então já comi o cardápio inteiro. Se você espera uma recomendação desse texto: o burguer de costela, a vagem e as fritas com queijo. O queijo vem tostadinho no maçarico e eu fico contente só de lembrar. O molho da casa e a maionese caseira são bem temperados, e nada como um molho gostoso para acompanhar uma fritura, né? (as nutri pira).

No geral, o tamanho das porções é ótimo, mas como eu já tinha comido a pizza e o pão de queijo, não consegui comer todo o burguer e a metade que levei para casa virou parte do meu almoço de sábado. Levei também uma minipizza de banana com canela que esquentei no micro-ondas e devorei no café da manhã acompanhada de um cappuccino para inspirar essa resenha. Devo dizer que valeu muito a pena.

Se você curte um lugar aconchegante, leve e com zero formalidade, compensa muito conhecer o Uthopia. Pela complexidade do lugar, pelo clima good vibes, pelas artes, pelas pessoas, pela comida, pela música. Ou quem sabe para amenizar a saudade de Ibitipoca. Aliás: aceita cartão.

E você? Já esteve por lá? Como foi sua experiência? Conta pra mim nos comentários!

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