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Foto do escritorDéa Cossalter

Tempo é...

Dinheiro! É o que se diz muito por aí repetindo frases feitas e “motivacionais” sem pararmos para pensar. (Infelizmente como muitas outras).

Tem me chamado muito a atenção a quantidade de filmes e séries abordando o tema: tempo e espaço, de modo a ser possível realizar viagens através do tempo seja ele para o para o passado ou para o futuro, na intenção de alterá-los em prol de si próprio geralmente.

Talvez existam cada vez mais tantas abordagens neste tema, pelo desejo de voltar a refazer as coisas de modo “certo”. Evitar o “erro”. Refazer uma trajetória devido a insatisfação no presente. Evitar tragédias.

Também não podemos ignorar o quanto a ciência tem se empenhado nesse assunto. É possível viajar no tempo? É possível refazer atitudes, vivências?

Agora atenção! Alerta de Spoilers de filmes e séries!

Foto: Série Boneca Russa

Na série “Boneca Russa”, Nadia (protagonista) morre e volta sempre no dia do seu aniversário, tendo a possibilidade de refazer sua trajetória criando assim destinos diferentes e modificando sua própria vida e a vida de personagens envolvidos.

Foto: Questão de Tempo

No longa “Questão de Tempo” Tim descobre através de seu pai que é possível viajar no tempo de volta ao passado. Ele fica animado com a possibilidade e volta para refazer uma situação que garanta seu grande amor. Porém quando passa a retornar ao passado e alterar uma cena, todo o contexto se altera também, chegando a um ponto crítico onde é obrigado a fazer escolhas críticas, já que alterou por conta a vida dele e de sua família.

Foto: Back Mirror

Black Mirror com seu famoso episódio “Bandersnatch”, permite que o telespectador “brinque de Deus” em uma trama interativa. Você vai decidindo o destino do protagonista (Stefan) e consequentemente de personagens próximos a ele. Está nas mãos de quem está assistindo fazê-lo voltar e tomar decisões diferentes. Stefan acredita que toma suas próprias decisões até que em determinado momento da trama percebe que pode não estar no controle da sua própria vida.

Foto: Filme Matrix

Já vimos em “Matrix” a abordagem espaço-tempo e controle mental. O tempo e espaço são relativos envolvendo ainda a questão de que se vive na ilusão de controle da própria vida. Matrix vai muito além nos tipos de abordagens. Em determinada cena, Neo vai ao oráculo (vamos chamar popularmente de “uma vidente”) para saber se é mesmo o escolhido e durante conversa, a mulher diz a Neo que não se preocupe com o vaso. Neo se surpreende e ao se movimentar questionando “que vaso? ”, esbarra no próprio e o derruba. Ela então o questiona com algo como: “Se eu tivesse falado do vaso antes, você o teria derrubado? ”.

Somos extremamente influenciáveis pelo o que nos é apresentado e falado e não nos damos conta, não questionamos.

Foto: Filme de Volta Pro Futuro

Claro, não vamos esquecer de “De Volta Para O Futuro” de 1.985, onde McFly pode alterar o futuro voltando ao passado. Porém, mais uma vez acontece que a cada volta ao passado ele altera acontecimentos importantes na vida dele e de personagens. Mexer no passado altera o futuro em uma cadeia de acontecimentos onde se perde o controle depois. É tipo: conserta uma coisa e estraga outra.

Já na série alemã “Dark”, temos uma trama extremamente inteligente que, ao contrário do que falamos até agora, permite que os personagens viagem no tempo tanto no passado quanto no futuro e tudo isso ao mesmo tempo agora (na série, multiversos coexistem em diferentes épocas e permite que os personagens esbarrem com eles mesmos com idades diferentes), porém os personagens não conseguem alterar seus destinos. Dark coloca em xeque a existência do chamado livre arbítrio e que não temos como fugir de uma trajetória, de um destino e que a vida de cada um é pré-determinada sem possibilidades de mudanças e que temos a ilusão que somos donos dos nossos destinos, mas não somos. Ou seja, cada um nasce com um destino e ele vai se cumprir mesmo se você viajar no tempo. Também coloca que tudo está ligado. A figura importante de um padre/religiosidade é bem relevante na trama. Você acha mesmo que existe o livre arbítrio?

Na vida real muito tem se falado em física quântica, entrelaçamento quântico, portais para outras dimensões e buracos de minhoca.

Todo esse conhecimento e informação são muito importantes para compreendermos mais de nós mesmos e do mundo.

Porém, respondendo a primeira frase deste texto eu digo que: tempo é vida!

Tempo é o espaço precioso que passa enquanto discuto com alguém, enquanto me esforço para ter razão. Enquanto me afogo em afazeres e ilusões que me afastam da minha família, dos meus amigos e pessoas que amo.

“O Tempo Não Para” e também não volta.

Se ainda há muito para entendermos sobre viagens no tempo, vamos pensar em fazer o agora. Deixemos as viagens no tempo para filmes, séries e cientistas. É só o agora que temos de concreto e real.

Está confuso? Dê-se tempo para entender; está com raiva, nervoso? Dê-se tempo para acalmar os ânimos; fez algo errado na sua concepção? Pare, pense, se desculpe e recomece com o aprendizado. Seja sincero com você e com os outros, não engane, não brinque com os sentimentos das pessoas. Brinque com as crianças.

Faça seu melhor agora para não lamentar não poder voltar no tempo e refazer suas atitudes.

Não podemos voltar e refazer o que já foi feito, mas podemos ser nossa melhor versão hoje.

Foto: Dea Cossalter

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