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Preta, Gorda, Empoderada e Empreendedora.

Foto do escritor: Déa CossalterDéa Cossalter

Em 2011 fui fazer a faculdade de Publicidade e Propaganda. E lá conheci essa moça chamada Patih. Patih Borges, ou Patrícia Katarina (como eu a chamo por motivos que não sabemos. Pra ela, sou Andréa Aparecida). Depois da faculdade, ela fez MBA em Comunicação e Marketing.

Patrícia foi uma de minhas "modela" cobaia quando comecei a levar a fotografia para o âmbito profissional. E é até hoje, hahahahaha! Vão lá no Instagram dela e vocês verão editoriais nossos, lindos de viver! E ah sim, também é uma mulher cervejeira.

E lá se foram oito (!!) anos e nesse tempo passado, junto com uma nova Patih, surgiu a Blogueirar Plus (há um ano e oito meses), sua loja virtual no Instagram.

Como eu estive perto em alguns momentos, vendo algumas fases da Patih, achei muito relevante fazer essa entrevista porque pode servir de referência para várias outras mulheres.

Além da loja virtual, ela participa de diversas feiras da cidade (Ribeirão Preto), principalmente aquelas onde tem destaque as mulheres empreendedoras. E foi onde escolhi fazer algumas fotos.

Então vamos conhecer um pouco a Patrícia e seu trabalho:

Deá: Como te surgiu começar um negócio nesse segmento?

Patih: Sempre tive dificuldade de encontrar roupas bonitas com preço justo. Roupas para quem não está no padrão são mais caras e muitas vezes não são bonitas. No meu aniversário de 38 anos entrei em umas 5 lojas procurando uma roupa, algo bem comum né? Querer uma roupa nova para comemorar o aniversário...comum, mas desagradável, principalmente quando vendedores querem forçar uma venda de algo que você não quer. É horrível comprar algo porquê foi aquilo que serviu e não porque gostou. Então depois de todas as frustações comecei a colocar no papel várias questões e iniciei o planejamento da minha filha, a Blogueirar Plus que têm como público alvo as mulheres gordas, mas meu atendimento não se limita, afinal, a Blogueirar Plus é o plus da moda sem padrões.

A Blogueirar Plus vai além da comercialização de roupas, é também consultoria de estilo, empatia e amizade.

Déa: Por que o nome: Blogueirar Plus?

Patih: O nome... Nossa eu fiz uma lista de nomes e no final não gostava ou quando eu gostava já tinha alguma loja com o nome, então comecei a pensar sobre meu processo de auto amor, autocuidado, autoestima e nesse processo fiz uma espécie de desintoxicação, deixei de seguir várias blogueiras que não tinham nada a ver com que sou e passei a buscar por blogueiras que me representam. E não falo apenas da questão estética, mas também de pensamentos e ações. Então foi aí que entendi blogueirar como um verbo, que todas nós podemos ser blogueiras: influenciando, incentivando o melhor no outro e o Plus é do algo mais que é o atendimento além da comercialização de roupas.

Déa: Me ensina como devo me referir: mulher plus, mulher gorda, Plus Size? O que é correto e o que é desrespeito?

Patih: Mulher "ducel"!

Gorda e pronto ué! Gorda não é ofensa da mesma forma que magra não é elogio. Esse negócio de plus size é coisa do tal mundo da moda que tem padrões também para as mulheres gordas.

Déa: Padrões para as mulheres gordas? Como é isso?

Patih: As modelos geralmente não têm barriga saliente, não tem bração, são mulheres gordas sim, mas não são os corpos gordos como os das blogueiras gordas que me ajudaram a aceitar meu corpo. Padrões na moda, padrões na mídia, têm muita coisa mudando e é importante buscar o real porquê a imposição dos padrões adoece e mata.

Déa: Sua mãe, dna Quina, está sempre com você nas feiras.. Como é o papel dela nesse processo?

Patih: Minha mãe está sempre comigo na vida! Nas brejas e na labuta. Ela é a minha estagiária e é ela quem me acalma nas tretas com os motoristas de aplicativo que não querem levar minhas coisas da feira (mala, caixa, arara...), ela dobra as roupas, empacota as mercadorias para as clientes que querem sacola, me ajuda a olhar o lado certo dos cabides e ela me dá a tal da sorte.

Déa: Pra encerrar: a gente sabe que nascer mulher já quer dizer que vem muita carga por aí e que pode ser dolorido.... Como foi tudo isso, antes de você entender que algo tinha que mudar, o lance de auto amor, etc.? Você passou por outras questões por ser mulher, negra e gorda?

E deixa aqui pra todas as mulheres que estão lendo essa matéria, algumas palavras que você gostaria de ter ouvido antes de iniciar todo esse processo de vida.

Patih: Cara nascer mulher.... Frequentar escola sendo uma menina preta, a escola é um inferno, esse negócio de saudade de escola pra mim não existe! Tantas coisas que passei incluindo professora racista que mandava eu sambar "você tem que sambar você é preta". As crianças então, que horror! Eu sofri muito e não contava pra minha mãe, ela ficou sabendo de muitas coisas há pouco tempo, eu não achava correto preocupá-la com essas coisas que deixam marcas.

Um corpo negro nas ruas, nas escolas, uma mulher negra e gorda. Eu não lembro de quem é a frase "a cor vem primeiro" então antes de ser mulher eu sou negra e antes de ser gorda, eu sou negra então sou essa mulher que se permitiu florescer.

Procurei ajuda, me cerquei de pessoas que me fortalecem, minha mãe hoje entende "minha rebeldia", minhas iyas (mães) me amparam e o fato de ter uma iya preta e gorda também ajuda no meu processo de cura, porque eu ainda estou me curando, praticamente todos os dias algum gatilho, mas eu busco força e me transformo, eu me fortaleço e isso faz com que eu entenda as queixas das outras mulheres com empatia, com amor eu me curo também escutando outras mulheres.

Eu me permiti ser minha melhor amiga, me tratar com amor e sim, eu saí fora de amizades tóxicas e isso me fez e faz um bem!

Meu corpo, claro que tem coisas que não gosto no meu corpo, mas é o corpo que me leva pra onde quero ir, é o corpo que eu sou grata e não me privo de usar nada, eu sou uma mulher livre e entendi meu estilo, sou a louca da selfie sim, faço meus semi nudes sim, eu demorei tanto tempo pra me amar e entender meu corpo como positivo. Simplesmente me amar. Hoje quem se incomoda com a mulher que sou, é simples: mana é só sair da minha vida, porque a Patrícia silenciada não existe mais!

Eu digo para que comecem a desintoxicação, procurem seguir e ter ao seu lado pessoas que te respeitem, apoiem, pessoas parecidas com você em suas formas e pensamentos, não estou dizendo para ter apenas pessoas com o mesmo ponto de vista que você, falo para ter crítica, análise, para filtrar e entender o que é bom para você, permite-se ser livre, permite-se ao auto amor.

Bem....rs.... O que mais dizer? Melhor ler, reler e refletir.

Cada mulher tem sua luta interna, às vezes externa e torna isso público para que outras mulheres se inspirem, vejam que não estão sozinhas, que outras também sentem coisas iguais ou parecidas enfim...

Outro dia li um post que dizia mais ou menos assim: “Se você é mulher e/ou preta, gorda, etc, mas nunca sofreu com racismo, machismo, etc, não quer dizer que sua experiência individual representa a do coletivo”. Concordo.

Temos o vício de achar que o mundo particular representa o todo. E não é. E por isso se algo não te serve pra nada, não interfira de modo negativo, não critique o que não viveu, o que não passou e não passa. Nem peço para entender, apensas respeite. Imagina um mundo com todo mundo respeitando todo mundo, que louco!!

Patrícia Katarina, muito obrigada mais uma vez. Por tudo, sempre. Vamos todas juntas.

E vão lá no Instagram da Blogueirar Plus, vocês vão entender de quanta lindeza estamos falando.

Instagram: @blogueirarplus

Atendimento WhathsApp: (16) 98807-2944

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